Uma das mudanças mais visíveis no campo da educação tem sido protagonizada pela crescente centralidade da avaliação, tendencialmente de tudo, de todos e em todos os lugares, do que tem resultado um campo de práticas sociais muito diversificado. Considerada imanente ao ato educativo e ao processo de ensino-aprendizagem, ora destacando objetivos pedagógicos e formativos, ora colocando-se ao serviço de agendas meritocráticas e de seleção social, a avaliação foi vendo consideravelmente alargados os seus âmbitos, objetos e impactos, designadamente através de novas políticas públicas. De tal forma que se vem falando, em tom crítico, de Estado avaliador, de sociedade de auditoria, de avaliocracia, de governo pelos números, de educação contábil, de prestação de contas e de responsabilização, de terrores da perfomatividade, etc. Como tem sido observado, hoje não é possível mudar a educação, escolar e não escolar, sem alterar as formas dominantes de avaliação, especialmente aquelas que estão subordinadas a lógicas gerencialistas e competitivas generalizadas, em contextos pedagógicos e didáticos, de desempenho dos profissionais, dos cursos e das instituições, das políticas e dos programas, das lideranças e, em suma, das próprias ações de meta-avaliação. E isso, entre outras razões, porque as avaliações em educação, que não são imunes a visões político-ideológicas, contêm sempre uma pedagogia implícita que não pode deixar de ser criticamente analisada e desconstruída para pensar alternativas.